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Carnaval
Uma Escola de Samba envolve muito mais elementos do que um folião pode imaginar. Até o glorioso dia de entrar na avenida, milhares de pessoas vivem uma rotina diária de samba, suor e dedicação. Trata-se de um universo à parte, composto por personagens, regras e termos característicos. Leia o nosso glossário e conheça um pouco mais sobre o dia a dia e a estrutura das agremiações.
História do Carnaval
A origem do Carnaval está atrelada às celebrações de colheita dos povos da Antiguidade. Em Portugal, a comemoração acontecia desde o século XV e era chamada de Entrudo, já que representava a entrada no período da Quaresma (período de 40 dias entre o Carnaval e a Páscoa). Durante os séculos seguintes, XVII e XVIII, muitos portugueses mudaram para o Brasil e as festas se estabeleceram por aqui. Na época, a brincadeira acontecia na rua. Os foliões borrifavam água, limões de cheiro, farinha, lama e até lixo uns nos outros – elementos mais tarde substituídos por confete e serpentina. As famílias mais abastadas promoviam festas privadas, em suas casas.
No século XIX, costumes trazidos pela corte portuguesa e relatos de luxuosos bailes de Carnaval da Europa contribuíram para a festa mudar. Clubes requintados, frequentados pela corte e pela nova elite brasileira, passaram a oferecer bailes que promoviam danças em ritmos adaptados, como a valsa, a quadrilha, o maxixe e o schottish.
Somente nas últimas décadas do século XIX é que surgiram as músicas destinadas exclusivamente ao Carnaval. Em 1889, a pianista e maestrina Chiquinha Gonzaga compôs a marcha “Abre Alas” para o rancho Dois de Ouro, primeira agremiação carnavalesca do Rio de Janeiro. O primeiro concurso de música carnavalesca aconteceu em 1919, premiando “Dá Nela”, de Ary Barroso. A explosão das marchinhas aconteceria a partir da década de 1930, revelando nomes como Lamartine Babo e Braguinha.
Também o figurino da festa ganhou mais elementos alegóricos. Inspiradas pelos personagens da Commedia dell'Arte Italiana (forma de teatro popular de improviso), as fantasias de pierrô, arlequim e colombina tornaram-se as mais tradicionais. Era comum passar por foliões vestidos de diabos, palhaços, “sujos” (que imitavam miseráveis), além de marinheiros, odaliscas, piratas e jardineiras.
Os primeiros cordões, sociedades carnavalescas e ranchos tomam forma na metade do século XIX. Nas primeiras décadas do século XX, a sensação foi o corso, que era o desfile de foliões fantasiados dentro de carros conversíveis. Essas manifestações de Carnaval de rua eram predominantes até a criação dos primeiros blocos e escolas de samba.
Escolas de Samba
No início do século XX, quando o Carnaval já estava estabelecido no Rio de Janeiro, a população mais pobre brincava em bailes separados e as rodas de samba eram vistas como marginais. Entre elas, destacavam-se as festas na Praça Onze, no bairro do Estácio.
Para fugir do estigma de vagabundos e malandros, os sambistas resolveram se organizar. Em 1928, Ismael Silva e Bide, entre outros, criaram o bloco “Deixa Falar”. Perto do local em que o grupo se encontrava havia uma escola regular e Ismael Silva criou o termo “Escola de Samba” para se referir ao grupo, já que eles também eram professores ou mestres em samba.
O bloco “Deixa Falar” se transformou na primeira escola de samba que se tem notícia (Escola de Samba Estácio de Sá). Eles passaram a escolher todo ano um tema que definiria as fantasias e a música, como acontece até hoje.
Os cordões, blocos e escolas de samba do Rio de Janeiro foram oficializadas em 1935, sendo registrados como grêmios recreativos. Assim, o Carnaval da população de baixa renda foi ganhando a simpatia dos demais setores da sociedade, de intelectuais e artistas, que naquela época começavam a se interessar pela cultura popular e frequentar as reuniões de sambistas.
Em 1962, o Departamento de Turismo do Rio construiu arquibancadas na avenida Rio Branco para que a população pudesse assistir aos desfiles. As apresentações na Passarela do Samba ou Sambódromo só aconteceram a partir de 2 de março de 1984, quando o local foi inaugurado, com 700m de comprimento e 13m de largura. Mangueira e Portela, empatadas, vencem o primeiro Carnaval disputado na Marquês de Sapucaí.
Tradição do Rei Momo
A figura carnavalesca foi inspirada em um personagem da Antiguidade clássica. Na mitologia grega, Momo era o deus do sarcasmo e do delírio, que usava um gorro com guizos, segurava uma máscara em uma das mãos e uma boneca na outra. De tanto caçoar dos outros, foi expulso do Olimpo. Ainda antes da era cristã, gregos e romanos incorporaram essa figura mitológica a algumas de suas orgias que envolviam comida, bebida, sexo, música e dança.
No Brasil, o jornal carioca “A Noite” recuperou a figura milenar. Em 1934, o jornalista Moraes Cardoso foi eleito o primeiro Rei Momo da folia carioca e ficou no trono até morrer, até 1948. O costume se popularizou por várias cidades do País, que passaram a eleger seus monarcas todos os anos. Durante o Carnaval, a chave da cidade é entregue a eles, que, simbolicamente,são os responsáveis pela folia.
Principais festas de Carnaval no Brasil
O Carnaval brasileiro é o mais famoso do planeta e atrai milhares de turistas todos os anos. As opções de diversão na maior festa popular nacional são muitas. Os suntuosos desfiles das escolas de samba têm início em São Paulo, na sexta-feira e no sábado de Carnaval. Domingo e segunda-feira é a vez das principais agremiações cariocas desfilarem na Sapucaí.
A população pode acompanhar os desfiles das arquibancadas e camarotes dos sambódromos, de onde é possível ver de perto o brilho das alegorias e sentir o coração pulsar junto à bateria. O resultado da competição é divulgado na terça-feira de Carnaval, na capital paulista, e na quarta-feira de Cinzas, no Rio.
Carnaval de rua
O Carnaval de rua é a maneira mais tradicional de aproveitar a folia e acontece em grande parte das cidades brasileiras. Blocos e bandas de carnaval se apresentam com seus hinos e marchinhas características nas capitais e no interior.
No Rio, alguns dos tradicionais blocos de rua são o Cordão da Bola Preta, o Suvaco de Cristo, Bafo da Onça e Cacique de Ramos. Outros exemplos são o Bloco da Lama em Parati (RJ), com foliões que brincam lambuzados de lama, o Carnaval de São Luís do Paraitinga (SP), que preserva a competição anual de marchinhas, e o Carnaval de Diamantina (MG), nas ruas e becos do centro histórico da cidade mineira.
Axé
No Carnaval da Bahia, a principal atração são os trios elétricos, idealizados pela dupla Dodô e Osmar, que atualmente contam com enormes veículos revestidos com potentes equipamentos de som. Pelos circuitos do Centro Histórico, Barra-Ondina e Campo Grande - Avenida, artistas consagrados do Axé Music, como Chiclete com Banana, Asa de Águia e Ivete Sangalo, comandam a folia em diferentes blocos, que recebem nomes específicos.
A passagem dos trios nas ruas pode ser acompanhada mesmo pelos foliões que não possuem o abadá (vestimenta que identifica os integrantes de um bloco) e ficam na “pipoca”, ou, seja, no meio do povo.
Durante os dias de festa, outra atração de Salvador são os blocos afros e afoxés, como Ilê Ayiê, Badauê, Filhos de Gandhy, Olodum e o Muzenza, que resgatam a herança africana em seus adereços, cantorias e tambores.
Frevo
O maior bloco de Carnaval do mundo, o Galo da Madrugada, surgiu nas ruas de Recife. Ele se apresenta no sábado de Carnaval, ou Sábado de Zé Pereira, ao som do frevo – acelerado ritmo musical que mobiliza multidões, com destaque para os passistas de movimentos acrobáticos e sombrinhas coloridas.
A festa na capital pernambucana ainda é marcada por espetáculos culturais gratuitos com grandes nomes da música brasileira, que se dividem em diferentes palcos oficiais. A tradicional apresentação de batuqueiros dos maracatus com o mestre Naná Vasconcelos marca a folia.
O frevo também dá o tom nas músicas e danças de Olinda. Entidades carnavalescas tradicionais até hoje se apresentam na cidade, como o Clube Carnavalesco Misto Lenhadores, de 1907, e o Clube Carnavalesco Misto Vassourinhas, de 1912. O ritmo ainda convive de maneira harmoniosa com outras manifestações culturais da cidade, como o maracatu, o samba, o manguebeat e outros gêneros musicais.
Outro marco da festa em Olinda são os famosos bonecos gigantes e coloridos, que se misturam à população pelas ruas e ladeiras da Cidade Alta, encarnando tipos populares e personagens inspirados no noticiário. O mais conhecido deles é o “Homem da Meia-Noite”, que está nas ruas desde 1932 e é responsável por dar início à folia, na meia-noite de sábado. Na Terça-Feira Gorda, todos os bonecões se reúnem entre os largos do Guadalupe e do Varadouro.
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